A análise de Nelson Ferreira Pires, Presidente e board member da Fundação Marquês de Pombal
A reforma do Estado português surge, mais uma vez, como um tema central no debate público e empresarial. Segundo o mais recente barómetro da Executive Digest, a percepção das medidas anunciadas pelo Governo é maioritariamente positiva: 74% dos inquiridos avaliam-nas como favoráveis ou muito favoráveis, enquanto apenas 4% se mostram desfavoráveis. Este resultado revela um consenso significativo em torno da necessidade de modernizar o Estado e de tornar a sua actuação mais eficiente, embora persista uma minoria que encara as reformas como insuficientes ou pouco impactantes para os negócios. No campo laboral, a proposta governamental para rever a legislação e flexibilizar o regime de trabalho também é vista com bons olhos, mas de forma crítica: 66% dos inquiridos consideram-na positiva, mas insuficiente, e apenas 24% a classificam como suficiente. Este dado mostra que existe abertura para a flexibilização, mas igualmente a expectativa de que o Governo vá mais longe, equilibrando protecção social com maior dinamismo do mercado de trabalho. Relativamente ao Orçamento de Estado para 2026, as prioridades estão claramente definidas pelo sector empresarial: o crescimento económico (66%) e a redução da carga fiscal – tanto em sede de IRS (60%), como de IRC (56%) – são os eixos centrais. Outras preocupações destacadas incluem as políticas de habitação (44%) e a redução do peso do Estado na economia (36%), reforçando a ideia de que a intervenção estatal deve ser mais estratégica e menos asfixiante para o tecido económico. Em síntese, os resultados do barómetro demonstram uma percepção globalmente positiva sobre o caminho das reformas, mas também uma mensagem clara: os agentes económicos reconhecem avanços, mas exigem maior ambição. A modernização do Estado português é vista como um passo essencial para aumentar a competitividade, promover um crescimento sustentável e garantir um sistema fiscal mais justo, equilibrado e estimulante para empresas e cidadãos.
Testemunho publicado na edição de Outubro (nº. 235) da Executive Digest, no âmbito da XLIV edição do seu Barómetro.
